Sunday, 25 October 2020




Photo of one of the landscapes the autor encounters during her attendances

Written by Melina Branco Behne
Translated into english by Bianca Cadore Morás
Reviewed by Carolline Paggi Montemezzo
 Posted by Bianca Cadore Morás


(Portuguese below)

I'm a doctor from the city hall of Francisco Beltrão (PR, Brazil) and I work only with bedridden patients, including the rural area ones. These patients are, with no doubt, the ones I like to work with more. They are the most polite ones, the ones that are more grateful for the medical appointments. 
We can't always do the best medical appointments, since we depend on environmental conditions like hygiene and lighting, but I'm sure we can always get the best laugh, the best conversation and the best coffee. They are patients that are grateful even for the minimal thing you do. 
And, the landscapes we come across to until arriving at the patients's houses are wonderful. It pays off for the flat tire because of the holes on the road. For me, the best part of medicine is the attendance in rural areas.
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About the author:

Melina Branco Behne, born in Pato Branco in Paraná. I studied in a private school all my life and also graduated in a private college, I dared to change my family's principles and think about the others and nature. I'm seen as nuts by my family for it. I'm a woman, a feminist, a lesbian, all tattoed and a plant lover. I'm also a public employee at Francisco Beltrão in Paraná.


Original text in Portuguese:

Foto de uma das paisagens que a autora encontra durante as suas consultas

Escrito por Melina Branco Behne
Traduzido para o inglês por Bianca Cadore Morás
Revisado por Carolline Paggi Montemezzo
Postado por Bianca Cadore Morás


(Em inglês acima)

Sou médica da prefeitura de Francisco Beltrão (PR) e atendo apenas os pacientes acamados da cidade, incluindo os da área rural. Os pacientes da área rural são, sem dúvidas, os que mais gosto de atender. São os mais educados e os mais gratos pelo atendimento. 
Nem sempre conseguimos realizar o melhor atendimento, pois dependemos das condições do ambiente/ paciente, por exemplo, nem sempre a iluminação ou a higiene são adequadas, mas com certeza é a melhor risada, a melhor conversa e o melhor café. São pacientes que ficam agradecidos com o mínimo que você faz para eles.
E as paisagens até chegar nas casas são maravilhosas. Paga qualquer pneu furado por causa do buracos. Para mim, a melhor parte da medicina é o atendimento em área rural.


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Sobre a autora:

Melina Branco Behne, nascida em Pato Branco no Paraná. Estudei em escola particular a vida toda e fiz faculdade particular também, ousei mudar os princípios da família e pensar nos outros e na natureza. Sou vista como a doida da família por isso. Mulher, feminista, lésbica, toda tatuada e amante das plantas. Servidora pública de Francisco Beltrão no Paraná.

Tuesday, 28 July 2020

The Amazon Ulcer

Photo of the panorama view

Written by Danuta Ramos Duarte
Translated into english by Carolline Paggi Montemezzo
Reviewed by Andressa Cavalcante Paz e Silva
 Posted by Bianca Cadore Morás

(Portuguese below)

A little more than a month working with the indigenous health in the Kayapo territory I can say that I already lived a lot. Here, everyday is like a week and the work is continuous and exhausting. In the last day I had the immeasurable opportunity to meet a folk, his culture and his comprehensions of body-health-sickness. I'm learning too much from Kayapo's people and it's really sad to me that the first picture of their territory that I share on social media is this one.

Today I needed to take a sixteen year-old pregnant girl, by helicopter to the town, because of the imminent maternal-fetal death risk. When the plane was taking of, the panorama view revealing itself was like a wound open into the earth. A bleeding ulcer, a death threat, endorsed by the most disastrous government in fighting the COVID-19 worldwide. The Earth moans and cries everyday because men's greed.
Narubia Werreria usually says that everybody have indigenous blood, or in the veins or in hands. 
This government is swimming in blood. 
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About the author:

Danuta Ramos Duarte, born in the riverside of Araguaia in a little town of Tocantins state called Araguatins. She studied in a public school, graduated in medicine at a public university, Universidade Federal de Tocantins. Danuta is a person in love with people, nature and also with people’s natures. Granddaughter of a babaçu coconut cracker and an ecologist of Bico do Papagaio, daughter of a teacher, a feminist that dares to love another woman. A resident in Family and Community Medicine for SES-SC, a member of GT Rural from Brazilian Society of Family and Community Medicine (SBMFC).



Original text in Portuguese:


Foto do garimpo

Escrito por Danuta Ramos Duarte
Traduzido para o inglês por Carolline Paggi Montemezzo
Revisado por Andressa Cavalcante Paz e Silva
Postado por Bianca Cadore Morás


(Em inglês acima)

Há pouco mais de um mês trabalhando com saúde indígena no território Kayapo e posso dizer que já vivi muita coisa. Aqui cada dia vale uma semana e o trabalho é contínuo e exaustivo. Nos últimos dias tive a imensurável oportunidade de conhecer outro povo, sua cultura e sua compreensão de corpo-saúde-adoecimento. Estou aprendendo muito com os Kayapó e me entristece que essa seja a primeira foto do seu território que compartilho nas redes. 
Hoje precisei levar uma jovem gestante, de apenas 16 anos, de helicóptero para a cidade, pois o risco de vida materno-fetal era iminente. Ao levantar voo, o garimpo se revela como essa ferida aberta na Terra. Uma úlcera sangrante, uma ameaça de morte, chancelada pelo governo mais desastroso no combate à COVID-19 mundialmente. A Terra geme e chora todos os dias pela ganância dos homens. 
Narubia Werreria costuma dizer que todos temos sangue indígena, ou nas veias ou nas mãos. 
Este governo está nadando em sangue.
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Sobre a autora:

Danuta Ramos Duarte, nascida na beira do Araguaia numa pequena cidade do Tocantins (Araguatins). Estudou em escola pública, formada em medicina pela Universidade Federal do Tocantins, apaixonada por gente e pela natureza e pelas naturezas das gentes. Neta de quebradeira de coco babaçu e do ambientalista do Bico do Papagaio, filha de professora, feminista e que ousa amar uma mulher. Residente em Medicina de Família e Comunidade pela SES-SC, membro do GT rural da SBMFC.


Sunday, 31 May 2020

Family Medicine that is not in the books

Photo of a mask hanging in front of a rainy day, taken by the author

Written by Karine Kersting Puls
Translated into english by Bianca Niemezewski Silveira
 Posted and edited by Bianca Cadore Morás

(Portuguese below)

The residency ended. Finally, the idealized life of a family physician was about to begin, but it wasn't just anyone. It was not in any specialty. It was not at anywhere. It was the one as a physician, family physician, family and community physician in a rural city. And the dream began. And the plans started. Staff meeting. Planning.  Agenda management. Knowing the territory. Knowing people. Bonds. Touch. Take care. Two weeks: that was the time. Two weeks for such a virus to emerge and catch dreams, plans, expectations, curiosities, take everything on the way and change the route. Change the known. To change.  Pandemic. Individual protection equipment. Do not touch. Do not hug. It is no longer allowed to share the mate. Do not shake hands. Examine what is necessary. Do what is necessary. Do not leave if not necessary. Pandemic. Fear. Confusion.  Standstill. Action.Make the contingency plan. Isolation. Take the test. And that idealization became reality - not the idealized reality, but the true one. And the real world has shown that reinvention is daily. Family and community physican. She learned that being a family and community physician goes beyond books. It goes beyond the residency. It goes beyond idealization. She learned that a family and community doctor is a reinvention, flexibilization, a daily action in the balance between doing and not doing.  She learned so young that in order to be a family and community physician, a pandemic must be orchestrated in the midst of a non-idealized rural community.
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About the author:

Karine Kersting Puls is a family doctor in the interior of Rio Grande do Sul (Brazil), member of Rural Seeds and WONCA Working Party on Rural Practice.


Original text in Portuguese:


MFC que não está nos livros

Foto de uma máscara em frente a um dia chuvoso, tirada pela autora

Escrito por Karine Kersting Puls
Traduzido para o inglês por Bianca Niemezewski Silveira
Postado e editado por Bianca Cadore Morás


(Em inglês acima)

Terminou a residência. Finalmente a tão idealizada vida de médica ia começar, mas não era qualquer uma. Não era em qualquer especialidade. Não era em qualquer lugar. Era aquela como médica, médica de família e comunidade, médica de família e comunidade em uma cidade rural. E o sonho começou. E os planos começaram. Reunião de equipe. Planejamentos. Gestão da agenda. Conhece o território. Conhece as pessoas. Faz vínculo. Toca. Cuida. Duas semanas: esse foi o tempo. Duas semanas para um tal de vírus surgir e pegar os sonhos, os planejamentos, as expectativas, as curiosidades, pegar tudo que tinha pelo caminho e mudar o trajeto. Mudar o conhecido. Mudar. Pandemia. EPIs. Não toca. Não abraça. Não compartilha mais o chimarrão. Não aperta a mão. Examina o necessário. Faz o necessário. Não sai se não for necessário. Pandemia. Medo. Confusão. Paralisação. Ação. Faz o plano de contingência. Coloca em isolamento. Faz o teste. E aquela idealização se tornou realidade - não a realidade idealizada, mas a de verdade. E o mundo real mostrou que a reinvenção é diária. Médica de família e comunidade. Aprendeu que ser médica de família e comunidade vai além dos livros. Vai além da residência. Vai além da idealização. Aprendeu que médica de família e comunidade é uma reinvenção, uma flexibilização, uma ação diária no equilíbrio entre o fazer e o não fazer. Aprendeu tão jovem que para ser médica de família e comunidade tem que se orquestrar uma pandemia em meio a uma comunidade rural não idealizada.
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Sobre a autora:

Karine Kersting Puls é médica de família e comunidade no interior do Rio Grande do Sul (Brasil), membro da Rural Seeds e do conselho do WONCA Working Party on Rural Practice.

Wednesday, 29 April 2020

On social isolation in a Brazilian rural community

Photo of the author at the health support center of Coelhos

The place’s abandonment held me strongly.
And kept my eye throughout all life.
Everything I knew after was full of abandonment.
There wasn’t in the place a way of running off.
We were inventing ourselves through
the path of new words.
We were a piece of an insect on the floor.
That’s why our delight was unseeing the world.
(Manoel de Barros, Free Translation)

Written by Mariel Hespanhol Torres
Translated into english by Cibelih Hespanhol Torres
 Posted and edited by Bianca Cadore Morás
Reviewed by Mayara Floss

(Portuguese below)

I am lucky to be a Family Medicine resident in Amarantina. People say it received this name because it made some Portuguese remember his homeland, Amarante. They also say it is a district of Ouro Preto, a Brazilian historic city, but whoever was born in Amarantina frequently expresses his objection: “Ouro Preto is only about climbing up-and-down the hills! For God’s sake! And what about the cold…?” etc. etc. An Amarantinense sees himself as an Amaratinense – not Ouropretano.  

Amarantina, just like Amarante, has a landscape way more appropriate to vegetable farming than it’s stony neighbors. Because of that, it has grown in both size and economic importance after Ouro Preto's great hunger, in the 18th century. More recently, the inhabitants have increased in order to sustain the mining operations in Itabirito, the closest city. Agriculture is not the main labor activity anymore, and the old village has become a district with more residents than the small towns in danger of extinction in Minas Gerais. However, the ways of life, the local culture and the distance from the big centers with their variety of services characterize the rurality of Amarantina. Each day I learn a little more about the consequences of being rural for the health of its population. 

In times of COVID-19, one particular remark made me think about the vulnerability of populations living in the countryside, such as Indigenous People, Quilombolas and Local Communities. The deeper we go in the rural communities, attending in supporting units or visiting the families, the more we get the sensation that this new disease is only one more bad news coming from the capital. In the countryside we have leishmaniasis, Chagas, dor nas juntas (popular expression for arthralgia), stomach burn, sugar in the blood, and the most diverse diagnosis given by benzedeiras and raizeiros, the communities’ healers… But Coronavirus? This one has not yet been included in many people’s vocabulary. And not just because of its novelty. Using WhatsApp as a Telemedicine tool has shown us that the countryside is not a synonym of lateness – but this is a subject for another story. 

I believe that the fear of being infected by SARS-CoV-2 is lacking in the same proportion that the personal protective equipment, public services, access roads and citizens’ rights also lack. Through an individual perception of risk, always illogical and subjective, the barriers of access seem to be barriers of protection. If the public policies are not present, why should the virus be? Therefore, rural communities do not take precautionary measures, so estimated by urban population. The paradox of such a situation is exposing a population already so neglected – not to mention, of course, the health professionals whose scholarship does not immunize them against human irrationalities. 

I hope the arrival of COVID-19 in Brazilian countryside will remind us that, even considering how essential biomedical science is at this moment, the health-disease process is still socially determined. Taking the experience from Amarantina, may we learn that, where social and political isolation were already a rule, a false sensation of safeness can be shared between users and professionals of health services. Self-awareness, cultural competence and advocacy will be as important as the measures indicated in official protocols.
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About the author:

Mariel Hespanhol Torres was raised in the bush and learned to like the little things on the ground. People belonging to abandonment move her: as much as the superb little things (paraphrasing Manoel de Barros). She is currently a resident of Family Medicine at UFOP in Amarantina, a district from Ouro Preto/MG.


Original text in Portuguese:

Sobre o isolamento social em uma comunidade rural

Foto da autora na Unidade de apoio de Coelhos

O abandono do lugar me abraçou de com força.
E atingiu meu olhar para toda a vida.
Tudo que conheci depois veio carregado
de abandono.
Não havia no lugar nenhum caminho de fugir.
A gente se inventava de caminhos com
as novas palavras.
A gente era um pedaço de
formiga no chão.
Por isso o nosso gosto era só de
desver o mundo.
(Manoel de Barros)
Escrito por Mariel Hespanhol Torres
Traduzido para o inglês por Cibelih Hespanhol Torres
Editado e postado por Bianca Cadore Morás
Revisado por Mayara Floss

(Em inglês acima)

Tenho a sorte de ser residente de Medicina de Família e Comunidade em Amarantina. Dizem que ela recebeu esse nome porque lembrou a algum português sua terra natal, Amarante. Dizem também que é um distrito de Ouro Preto, mas quem é de lá faz questão de expressar sua oposição: "Ouro Preto é só sobe-e-desce, Deus me livre! E que frio! etc. etc.". Um amarantinense se sente amarantinese, não ouropretano.

Amarantina, assim como Amarante, tem uma paisagem bem mais convidativa ao cultivo de hortaliças do que seus vizinhos de pedra. Por conta disso, cresceu em tamanho e importância econômica após a grande fome de Ouro Preto, no século XVIII. Mais recentemente, a população residente tem aumentado para sustentar a mineração em Itabirito, o município mais próximo. A agricultura já não é a principal atividade laboral e o antigo povoado se tornou um distrito com mais habitantes do que as pequenas cidades mineiras ameaçadas de extinção. No entanto, os modos de vida, a cultura local e a distância dos grandes centros com sua variedade de serviços caracterizam a ruralidade de Amarantina. A cada dia aprendo mais sobre as implicações disso para a saúde de sua população.

Nesses tempos de COVID-19, uma observação em especial me faz pensar sobre a vulnerabilidade dos povos do campo, da floresta e das águas. Quanto mais "fundo" vamos no rural, seja para atender nas unidades de apoio ou para fazer visitas domiciliares nos sítios e povoados, maior é a sensação de que essa doença nova é só mais uma notícia estranha e lamentável que vem da capital. Na roça tem mosquito palha, barbeiro, dor nas juntas, impinge, queimação, açúcar no sangue, os mais diversos diagnósticos de benzedeiras e raizeiros... Mas coronavírus? Este ainda não entrou no vocabulário de muita gente. E não é simplesmente por ser novidade. O Whatsapp como ferramenta de Telemedicina tem nos mostrado que o rural não é sinônimo de atraso – mas isso é assunto para outro relato.

Acredito que falta o receio de contaminação pelo SARS-CoV-2 na mesma proporção que faltam os Equipamentos de Proteção Individual, os serviços, as estradas, os direitos de cidadania. Na percepção individual de risco, ilógica e subjetiva, as barreiras de acesso parecem ser também barreiras de proteção. Se o Estado não chega, por que o vírus haveria de chegar? Assim, não são tomadas as medidas de precaução pelas quais as populações urbanas zelam tanto. O paradoxo de tal viés é tornar ainda mais suscetível uma população que já se vê negligenciada. E ele também contamina a nós, profissionais de saúde, cuja escolaridade não nos torna imunes às irracionalidades humanas.

Espero que a chegada do COVID-19 nas zonas rurais do Brasil faça lembrar a todos que, por mais fundamental que seja a ciência biomédica neste momento, o processo saúde-doença segue sendo socialmente determinado. Que possamos aprender com o causo dos amarantinenses que, onde o isolamento social e político já era regra, uma falsa sensação de segurança frente a problemas globais pode surgir em usuários e trabalhadores da saúde. Autoconhecimento, competência cultural e advocacy serão tão importantes quanto as medidas que constam nos protocolos oficiais.
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Sobre a autora:

Mariel Hespanhol Torres foi criada no mato e aprendeu a gostar das coisinhas do chão. Pessoas pertencidas de abandono a comovem: tanto quanto as soberbas coisas ínfimas (parafraseando Manoel de Barros). Atualmente é residente de Medicina de Família e Comunidade pela UFOP em Amarantina, distrito de Ouro Preto/MG.

Sunday, 22 March 2020

Rural telehealth against the coronavirus

Photo with the Araucaria trees in Santa Terezinha


Written by Danuta Ramos Duarte
Translated into english, posted and edited by Bianca Cadore Morás
Reviewed by Mayara Floss

(Portuguese below)

Being a doctor in a small town, in the middle of Santa Catarina state in Brazil, with a population of nine thousand people, imposes some challenges. But my small town has a secret name: Santa Terezinha. To get here from the coast we have to cross narrow streets amid Brazil’s Atlantic rainforest, trees called araucarias and small plantings.
The road is rough, full of hills and valleys, with rivers crossing the forest to become waterfalls. Little unpaved roads connect the districts, holding an area of approximately 450 miles.

The people who live here sustain themselves basically with farming, as the plantation of tobacco, corn and soybean are the most frequent crops. They are rural workers, little farmers descended from European migrants who took refuge here during the World War II, finding in Brazil a home beside the nazi horror. They’re polish-descendants (self-titled “polacos”), ucranians and germans who carry strong family traditions: the boundaries between public and private is lost among social relations.

At the chimarrão (mate tea) reunions in the evening, they gossip about the lives of everyone in the community with great detail – a scene capable of provoking an unpleasant sense of invasion of privacy but at the same time a growing feeling of belonging and reception among them.

To care the population, we have three Primary Healthcare Unities with healthcare teams, and other three supporting stations in more distant locations.

A lot of people living in remote areas don’t even have access to phone lines, having trouble coming to our basic care unities because of the miles between us. In realities like this, the telehealth is an essential tool to reach the people that can’t easily come for health facilities.

Fortunately, the internet and the radio are modern resources already consolidated in most homes, are helping us to reduce the distances.

So, as an educational health strategy, we are using Whatsapp and the community radio line to inform people about the coronavirus and the changing on rural basic care units working routine, since we’re attending only priority groups, emergencies and respiratory syndromes. The town provided an official telephone number as an open communication channel with the community. Besides that, the community health agents – who live in the neighborhood – spread the official information in their area of coverage, since they already have Whatsapp groups with the people they visit.

Instead of what we might think, most of Brazilians, as well as the people from Santa Terezinha, live in rural areas and traditionally put great confidence in the word of doctors and public authorities.

We use this confidence to reinforce the need of social isolation to withhold the pandemic of coronavirus which is getting close to us, many times we are going against what the federal government is, irresponsibly, preaching in their recent statements.

Educating the population, promoting autonomy and critical thinking, really saves lives.
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About the author:

Danuta Ramos Duarte, born in the riverside of Araguaia in a little town of Tocantins state called Araguatins. She studied in a public school, graduated in medicine at a public university, Universidade Federal de Tocantins. Danuta is a person in love with people, nature and also with people’s natures. Granddaughter of a babaçu coconut cracker and an ecologist of Bico do Papagaio, daughter of a teacher, a feminist that dares to love another woman. A resident in Family and Community Medicine for SES-SC, a member of GT Rural from Brazilian Society of Family and Community Medicine (SBMFC).


Original text in Portuguese:

Telemedicina rural contra o coronavírus

Foto com as araucárias de Santa Terezinha


Escrito por Danuta Ramos Duarte
Traduzido para o inglês, editado e postado por Bianca Cadore Morás
Revisado por Mayara Floss

(Em inglês acima)

Ser uma médica num pequeno município, no interior de Santa Catarina, de 9 mil habitantes, impõe seus desafios. Mas minha pequena cidade tem nome sagrado: Santa Terezinha. Para chegar do litoral até aqui passamos por estradas estreitas ladeadas por mata atlântica, araucárias e pequenas plantações.
O terreno é acidentado, cheio de morros e vales, com riachos entremeados na mata, formando cachoeiras. As estradinhas de terra estreitas conectam os distritos, abrangendo uma área de aproximadamente 720 quilômetros quadrados.

O povo que aqui vive se sustenta basicamente da atividade agrícola, sendo a plantação de fumo, milho e soja as culturas mais frequentes. São trabalhadores rurais e pequenos agricultores e agricultoras, descendentes de migrantes da europa, aqui refugiados durante a Segunda Guerra, que encontraram no Brasil um lar ante o horror nazista.
São descentes de poloneses (autodenominados "polacos'), ucranianos e alemães, de tradição fortemente familiar: os limites entre o público e o privado se diluem nas relações sociais.

Nas rodas de chimarrão ao entardecer toda a vida da comunidade é discutida e recontada aos detalhes - cena capaz de provocar uma desagradável sensação de invasão da vida particular, ao passo que faz nascer o sentimento gostoso de acolhimento e pertencimento à comunidade.

Para atender a população, temos 3 postos de saúde com equipe saúde da família, com outros 3 postos de apoio nas áreas mais afastadas da sede.

Muitas pessoas em suas localidades não têm acesso a rede de telefonia e enfrentam dificuldade de acesso aos postos devido às grandes distâncias. Em contextos como este, a telemedicina é ferramenta essencial para alcançarmos as pessoas que não alcançam os serviços de saúde com facilidade.

Felizmente a internet e o rádio são recursos modernos já consolidados em grande parte dos lares dessa gente resistente, nos possibilitando reduzir as distâncias.

Então, como estratégia de educação em saúde, estamos usando o whatsapp e a rádio comunitária para informar as pessoas sobre o coronavírus e as mudanças na rotina das UBS e postos de saúde rurais, já que estamos atendendo apenas grupos prioritários, emergências e síndromes respiratórias. O município forneceu um número de whatsapp oficial como canal aberto de comunicação com a comunidade. Além disso, as agentes comunitárias de saúde, que moram nas localidades, repassam as informações oficiais para as famílias da sua área de abrangência, pois já possuem grupos de whatsapp com as pessoas que atendem.

Ao contrário do que possamos acreditar, a maior parte dos brasileiros, tais como os terezinhenses, vive em zonas rurais e tradicionalmente depositam grande confiança na palavra de médicos e autoridades públicas.

Nos valemos dessa confiança para reforçar a necessidade de isolamento social para impedir que a pandemia chegue até nós, indo, muitas vezes, em contramão do que governo federal tem apregoado irresponsavelmente, nas suas declarações mais recentes.

Educar a população, promovendo autonomia e criticidade, salva vidas.
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Sobre a autora:

Danuta Ramos Duarte, nascida na beira do Araguaia numa pequena cidade do Tocantins (Araguatins). Estudou em escola pública, formada em medicina pela Universidade Federal do Tocantins, apaixonada por gente e pela natureza e pelas naturezas das gentes. Neta de quebradeira de coco babaçu e do ambientalista do Bico do Papagaio, filha de professora, feminista e que ousa amar uma mulher. Residente em Medicina de Família e Comunidade pela SES-SC, membro do GT rural da SBMFC.


Sunday, 19 May 2019

Free medical outreach to Mountanous Somorika community with no access road

Community members receiving medical care during the free medical outreach

Dr Dako Mamudu


I am Dr Dako Mamudu, a family physician based in Lagos metropolis, Nigeria. I am the chief medical director of Dako Medical Centre and also founder and Chief Executive Officer for Dako Foundation for Rural Healthcare and Education. I lead my team to carry out healthcare delivery in remote, rural and difficult to reach communities. 

I was born and raised in a rural community where ninety percent of the houses were roofed with thatch. My empathy for rural healthcare led to the founding of Dako Foundation for Rural Healthcare and Education (Dako Foundation). Dako Foundation is a registered Non-Governmental Organization in Nigeria and it works to improve the living conditions of underserved and difficult to reach communities in Nigeria through education, empowerment, provision of social amenities, public health programmes and direct medical interventions. 

Somorika is an ancient city in Akoko Edo Local government area in Edo North, Nigeria. It is about five kilometers north-east of Igarra in Edo North. It is a community with a wealth of cultural heritage. However, the rocky geographic terrain of this community (several hills that go as high as 1700 feet interspersed at unequal intervals) and the often inaccessible road to the location result in a great inequality in access and provision of healthcare services to people in this location. 

DFRHCE staff going from the residence of the traditional ruler to the health centre where the medical outreach took place.


I lead my team to this mountainous Somorika community for free healthcare outreaches between 2017 and 2018. Members of my team and I climbed several rocks of varying heights in order to get to this community. Our first point of reach was the resident of the community leader. From where we climbed more rocks of varying heights to access the local primary health centre where we carried out the free medical outreach. Similar to my previous missions to rural communities, health care professionals from my team were brought from urban cities of Lagos, Benin City and Auchi to carry out this medical outreach at this community. This was a four day mission and my team consisted of 20 regular staff of the Foundation comprising of doctors, pharmacists, public health experts, nurses, community health extension workers (CHEWs) together with 15 local volunteers. The attending midwife in this facility together with the assistant; a nursing aid also participated in this mission.

DFRHCE outreach team preparing for Somorika mission
DFRHCE staff on the road to Somorika Community, Edo State, Nigeria.
This comprehensive outreach which includes free surgeries is in tandem with the Sustainable Development Goals aimed to ensure healthy lives and promote wellbeing for all at all ages. The outreach activities consisted of community health education and sensitization, general consultation and treatment of endemic diseases, vitamin A supplementation for children and at risk population, mass drug administration of Albendazole to community members, distribution of lifesaving prenatal and post natal vitamin supplements to women of childbearing age and distribution of easy to use water purifying units to households in the community. Hospital equipments were also distributed free to the dilapidating community Primary Health Centre; the only source of healthcare in the community and its environ. The distributed equipments include artery forceps of different sizes, drip stands, hospital beds and mattresses, bedcovers and delivery couch.

Patients who required surgeries were referred to our partner hospital (Dako Medical Centre, Lagos) for free surgeries and follow up. Surgeries performed include breast lumpectomy, emergency caesarian section, and undescended testis (jointly sponsored by Amazing grace Hospital, Dako hospitals and Dako Foundation).

The community leader conducting the DFRHCE staff round his ancestral palace built in 1900.

The community leaders taking the DFRHCE team round the dilapidating infrastructure of the health centre.
Medical consultation for the Community Head of Somorika
Medical examination for optical refraction for patients with refractive errors.
Community members queuing up for registration for treatment.

Children receiving vitamin A supplementation

Over 5,000 rural patients were reached through repeated visits to the community for free medical mission. This is my passion and I am glad to work with a team that share same passion to bring healthcare to the hard-to-reach and underserved communities. 

My mission to take healthcare delivery to the underserved and difficult to reach communities in Nigeria will continue to take us to the underserved and almost forgotten people across communities in Nigeria. In the next edition, I shall publish our outreach work to Okorogbo and Akatakpo in the ‘urban rural’ communities in the heart of Lagos metropolis. Below are some of the images depicting our outreach activities.
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Dr. Dako Mumudu MBBS,DFM, is the Chief Medical Director of Dako Medical 

Centre, Lagos, Nigeria and founding Chief Executive Officer, Dako 
Foundation for Rural Healthcare and Education.
Life Member, WONCA

Email: info@dakofoundation.org